20. November 2014 · Kommentare deaktiviert für 4 Tage SOS : Hunderte Boat-people vor libyscher Küste · Kategorien: Italien, Libyen · Tags:

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In portugiesischen Medien werden erste Details zu den über 400 Boat-people bekannt, die das portugiesische Kriegsschiff Viana do Castelo in den letzten Tagen gerettet hat. Der Schiffskommandant sagt im Interview, dass täglich ca. ein Dutzend Notrufe aus dieser Meereszone eingehen. Die Bootsflüchtlinge stammen vor allem aus Syrien und aus Libyen. Sie hätten bis zu 4 Tagen im Meer getrieben. Die italienische Aufklärung habe sie aufgespürt und die Daten an die portugiesische Marine weitergegeben. Auch die italienische Küstenwache ist an den Rettungsaktionen vor der libyschen Küste beteiligt.

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Desde o início do mês, todos os dias, mil a 1600 imigrantes ilegais que zarpam de África em embarcações débeis e sobrelotadas estão a ser resgatados pelos sete navios ao serviço da operação „Triton 2014“. Uma iniciativa da agência europeia responsável pela vigilância das fronteiras externas da União, a FRONTEX. Um desses navios, o português „Viana do Castelo“, está desde dia 2 a patrulhar as águas ao sul da Sicília e em apenas 72 horas já resgatou 403 pessoas. Em entrevista telefónica ao Expresso, o comandante Morais Chumbo revela os pormenores destas operações e recorda a maior tempestade que teve de enfrentar em 25 anos de Marinha.

Quando é que começou esta missão e quais são os seus objetivos?

O navio está integrado numa operação da agência europeia responsável pela vigilância das fronteiras externas da União. A FRONTEX pediu a Portugal, bem como a outros estados-membros, a cedência de meios e foi enviado o navio de patrulha oceânico „Viana do Castelo“ que participa na operação „Triton 2014“ desde 2 de novembro e onde estaremos até 30. Chegaremos a Portugal dia 5 de dezembro.

Neste momento estamos a patrulhar a zona que vai entre a ilha de Lampedusa e a fronteira da Líbia, em águas territoriais italianas, e a colaborar com a Marinha italiana nas ações de busca e salvamento.

Como é que as embarcações com imigrantes ilegais são detetadas?

As embarcações são detetadas pelos sistemas de vigilância italianos, através da interceção das suas comunicações mas também através dos radares dispostos ao longo da costa. Uma vez detetadas, os navios são enviados ao seu encontro desencadeando, caso seja necessário, uma operação de busca e salvamento.

Foi isso que aconteceu na sexta-feira dia 14 quando resgataram, já de noite, 196 pessoas a bordo de uma embarcação de madeira?

Precisamente. Tratavam-se, na sua maioria, de cidadãos líbios e sírios mas também estavam a bordo algumas crianças entre um e dez anos. Ontem, dia 17 [segunda-feira], realizámos mais duas missões de resgate de pessoas que estavam em embarcações de borracha com cerca de oito metros. Não havia crianças, mas uma das 19 mulheres estava grávida. As 202 pessoas que resgatámos na segunda-feira foram desembarcadas esta terça-feira à tarde no porto italiano de Catânia, na Sicília, onde o „Viana do Castelo“ está atracado para reabastecimento. Estamos cansados mas o moral da guarnição é elevado. Regressamos ao mar dia 20.

Na sexta-feira as pessoas foram transferidas para um outro navio.

Exatamente. Foram transferidas para o navio da Marinha Italiana „San Giorgio“ porque teríamos de continuar em patrulha na mesma área. Nesta altura, estamos a resgatar diariamente entre mil a 1600 pessoas todos os dias. Os meios já começam a ser escassos para salvar tanta gente.

Podemos falar numa vaga anormal de imigração, sobretudo nesta época do ano em que o mar está muito mais agitado?

Pelos relatos que me chegam das autoridades italianas poderíamos dizer que sim. Não estavam à espera do enorme fluxo que se regista neste momento. Estão a realizar-se, em média, oito a 12 operações de busca e salvamento todos os dias nas quais são retiradas do mar as tais mil a 1600 pessoas em condições péssimas, de hipotermia, desidratadas, com fome. Entram no navio em grande sofrimento.

As pessoas que foram resgatadas na sexta-feira à noite, por exemplo, há quantas horas estariam no mar quando as encontraram 45 milhas a noroeste da capital da Líbia, Tripoli?

Estas pessoas passam cerca de quatro dias no mar, sem comer, à mercê das condições meteorológicas que nesta altura do ano não são as mais favoráveis. Chegam muito desidratados e em grande carência, sobretudo as crianças. Na nossa primeira operação foi-nos muito difícil encarar as crianças porque chegaram quase sem roupa, descalços. Não é fácil.

A que amplitudes térmicas estão sujeitas estas pessoas no mar?

Nesta altura do ano a temperatura do ar varia entre 11 graus durante a noite e os 21 de dia, ou seja, cerca de dez graus de amplitude. Durante a noite faz muito frio no mar.

Quando são apanhadas, digamos assim, estas pessoas manifestam-se de alguma forma frustradas ao perceberem que não irão atingir o seu objetivo?

Não. Pelo contrário. No último resgate que fizemos, uma das pessoas quando chegou a bordo perguntou imediatamente a um membro da guarnição se estavam realmente salvos. Depois ajoelharam-se e começaram a rezar. Eram muçulmanos. Quando embarcam nesta aventura têm um objetivo, mas depois de passarem todos estes dias no mar já só pensam em sobreviver. O combustível que trazem nas embarcações não é suficiente para alcançar um porto italiano. Quando os abordamos estão à deriva e já só querem ser salvos. O modus operandi destas redes de imigração clandestinas é ganhar dinheiro, lançando-os ao mar. Pensam que têm combustível para fazer a travessia e não têm. A nossa abordagem é sempre feita com muito cuidado para não provocar mais ondulação do que aquela que já estão a apanhar.

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